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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Do “paraense” Lobo de Souza ao líbio Kadafi, melhor o plebiscito

Felizmente hoje as armas estão sendo as palavras e os símbolos. Esperemos, todos, que aí permaneça a disputa. Mais vale um plebiscito do que uma guerra.

Parece que a história ensina que estraçalhar ditadores em praça pública não é o melhor caminho para a tolerância necessária na convivência social.  Se assim fosse, por exemplo, o Pará seria hoje um mar de rosas, desde que, em 7 de janeiro de 1835, o governador Lobo de Souza foi retirado, pela população enfurecida, de dentro do Palácio, em Belém, morto a pauladas, arrastado pela rua até próximo ao mercado do Ver-o-Peso, tendo seu corpo vilipendiado por centenas de urinadas sobre o cadáver.

Lobo de Souza: a turba encara o governador do Grão-Pará,
que logo a seguir seria despedaçado pelas ruas de Belém



Era o começo da Guerra da Cabanagem, que ensanguentou a Amazônia daquele tempo e, pela derrota dos Cabanos, permaneceu a terrível desigualdade social que persiste até hoje nestas terras de tanta fartura e tanta pobreza extrema.

Sem precisar retornar no tempo, basta olharmos algo muito parecido que aconteceu a outro ditador, este contemporâneo, Muamar Kadafi, senhor da Líbia até pouco tempo atrás. Morto por grupos que não comeram da mesa do ditador, seu corpo passou por situação parecida ao de Lobo de Souza na Belém do século 19. Há, por acaso, quem garanta que a Líbia irá se tornar democrática e igualitária por causa disso?
Imagem de hoje: a multidão executa e vilipendia o corpo de Kadafi
Alguém poderá dizer que há exceções, como no caso de Mussolini. Morto pelos inimigos do nazi-fascismo, teve seu corpo exposto em público, em Milão. Ocorre que, antes e durante o reinado do ditador, a Itália já tinha uma população relativamente educada, embora a miséria ainda empurrasse milhões deles para o Brasil e tantos outros países. E, como sabemos, é a educação de um povo, e não o despedaçar de ditadores, que, em algum momento, energiza uma nação a superar as suas lambanças e desigualdades inaceitáveis.

Olhando, assim, de modo tão rápido para a História, faço estas reflexões porque tenho assistido, especialmente por meio do (péssimo) anonimato proporcionado pela internet, a um crescente burburinho tendente ao ódio entre alguns grupos que desejam ver Tapajós e Carajás como novos Estados e aqueles que desejam que isso não aconteça.

A antiga experiência da Cabanagem também partiu do interior e repercutiu intensamente em Belém, centro do poder. Hoje, o movimento por emancipação político-administrativa também vem do interior, da mesma forma repercutindo de modo intenso na capital. Se as lições daquela guerra de 1835-1840 tivessem sido assimiladas pelos donos do poder, ao menos em parte, talvez hoje a dissensão não estivesse em alta nesta parte da Amazônia.

Felizmente hoje as armas estão sendo as palavras e os símbolos. Esperemos, todos, que aí permaneça a disputa. Mais vale um plebiscito do que uma guerra. Em vez de estraçalhar ditadores, o povo do Pará (ganhe o Sim ou o Não) precisa mesmo é esmagar heranças tão funestas que impedem milhões de desfrutar de um pouco daquilo que poucos desfrutam de muito. Acabar com a ignorância, com a miséria, com a vida nos pântanos da capital e nas favelas do interior. E, por fim, aparecer o Pará de modo diferente do que aparece nos noticiários nacionais, como um dos mais pobres e violentos do Brasil. Que vergonha! Podemos e devemos mudar isso, com os antigos ou com os novos limites internos.

Tristemente, o anonimato digital parece crer no contrário. 

terça-feira, 15 de novembro de 2011

OBRIGADO MANO ARTURO, POR ESCANCARAR MINHA VIDA ASSIM.

A forma mais simples de homenagear um irmão é fazendo uma retrospectiva de vida compartilhada. Arturo, escreveu sobre o Sílvio Júnior,  nos transmitindo alegria sobre suas vivência em família. 
Parabéns meu primo Júnior e muitas felicidades.

CALENDÁRIO SOCIAL MUITO

Hoje os passarinhos amanheceram cantando porque é aniversario de João Silvio Pereira de Pinho Gonçalves Júnior o cara mais sortudo que eu conheço. Até aos 16 anos era Júnior, depois foi J. Jr, depois Jotinha, em Belém Silvio Jr. Para os íntimos Silvio.
Falei da sorte, acho que o nome correto é estrela. A estrela dele brilha muito. Quando está escuro ele lustra a estrela e o caminho aparece. O aniversariante sempre foi muito bom de bola. É canhoto (só na perna) lembro de uma vez que fomos fazer um teste no campo do São Raimundo lá em Santarém, idos de 79 acho, voltamos cantando a musica do sitio do pica pau amarelo. Eu nem entrei em campo. Acho que o fato do Silvio ser baixinho e gordinho atrapalhou. Excelente com a bola no pé. Terrível cobrador de pênaltis. Nem vou citar o final dos torneios. Ele sempre se aborrecia comigo. Nunca gostei de jogar futebol. Um dia ele aborrecido comigo foi jogar bola no quintal da D. Iracema. Ganhou e ficou tirando sarro do perdedor que soltou o Radar, um cachorro bravo que lhe mordeu a perna. Ganhou de presente uma bordoada com taco de bilhar, um abscesso no local da mordida e muita dor de cabeça. Papai deu cinco tiros no cachorro e não acertou nenhum. Foi caso de policia. Outro caso de policia foi em 1984 quando morávamos no pensionato. O cearazinho nos roubou a mesa de estudos, fui buscar de volta, o ladrão ficou bravo e veio brigar. Apanhou e fomos parar na Seccional da Cremação. Silvio com 16 anos não deu nada. Voltamos para casa cantando “na janela lateral do quarto de dormir”.

Dois assuntos vou passar por cima. Os porres com rum montila e coca cola e as mulheres. O Silvio sempre teve belas mulheres. A única mulher feia que eu vi o Silvio se agarrar foi uma barroca nos tempos da rádio cidade que o Silvio aplicava o golpe “estou devendo o aluguel” e tirava uma grana da velha.

Somos seis irmãos. Sendo que Arturo, Silvio e Aldrin da D. Maria José. Rômulo e Ramon da D. Letícia e a Núbia eu nunca vi, sei apenas que mora em Manaus. Falei com ela ao telefone quando o Papai morreu. Dos seis, o aniversariante foi o que nasceu com a voz mais refinada. Vai ver que é por isso que é a mais requisitada. Aliada a esta voz refinada tem uma criatividade incrível herdada dos nossos ancestrais. Não só do papai, como de toda a gama de pérolas que vieram antes de nós. O Silvio é capaz de pensar em um monte de coisas muito criativas que vão te ajudar a resolver os problemas. Às vezes é uma enxurrada que fica difícil administrar. É divino. Além de ter uma capacidade de fazer amigos. Completando 45 anos e olhando para traz vai ver a quantidade de amigos que fez. Até hoje mantém contato com os de Santarém e isso é muito bacana.

Trabalha com a voz porque quer e adora. Seria um excelente comerciante. Excelente pesquisador. Ainda da tempo. Tai, vou montar com ele um instituto de pesquisa em 2012. Vai ser a Control AS. Te cuida Veritate.

Temos, como bons escorpianos, uma dificuldade enorme de lidar com dinheiro. Gastaria um tempão para contar as historias do nosso herói com dinheiro. E a língua então. Machucamos bastante com ela.

Recentemente dei ao Sílvio um cd com varias músicas e ele pinçou a do Vincent Bell e falou sobre melancolia. Tristeza vaga. É que a música tem um significado especial para nós. O radio ligado em cima da parede do banheiro às 5 da manhã no programa do Gerson Gregório. As castelhanas contadas pelo papai, as de populares cantadas pela mamãe nas inúmeras vezes que ela mudava os moveis da casa, as cantadas pela Maria mulher do Tomás, as que tocamos no radio, etc. Agora tive dificuldade de postar a musica que seja a sua cara. Meu mano. São tantas que me lembro de você.

Mano, 45 é um numero muito especial. Que seja um ano muito bom para você. Guarde dinheiro, cuide da saúde, ame apenas uma de cada vez (fica mais fácil), não de tanta importância (lembre-se que algumas pessoas simplesmente não se importam), cuide com carinho da Aimeé (somente ela vale o sacrifício), continue ouvindo muita música, pense na Control AS, lembre-se que Mau é Mau e que Bem é Bem, que nossas duvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. Mude você e as pessoas passam a fazer o que você quer. Tenho uma enorme admiração por você.
Conte sempre comigo. Somos mais que irmãos.
Arturo Gonçalves

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Beba, mate e fique livre - Frei Betto, Escritor e assessor de movimentos sociais


Nas últimas semanas, a mídia registrou inúmeros casos de acidentes de trânsito com mortes, provocadas por motoristas embriagados. Foram presos e, graças à fiança, em seguida soltos. Detalhe: sem que suas carteiras de motoristas tenham sido apreendidas. Alguns, aliás, nem possuíam habilitação para dirigir.

O Brasil é o país da impunidade. As leis são feitas apenas para os pobres – que não têm dinheiro para pagar advogados e fianças. Da classe média para cima, nenhum assassino do volante se encontra preso. Nem condenado em última instância. São 57 mortes por dia, no Brasil, associadas ao alcoolismo. Vale, pois, a pergunta: quem é a próxima vítima?

O Brasil é também o país do paradoxo. Há intensa campanha contra o tabagismo. Daqui a pouco haverão de proibir, como nos EUA, até fumar em local público. E, não demora, dentro de casa, sob pretexto de que incomoda os vizinhos...

A publicidade de cigarros desapareceu da mídia. As embalagens de tabaco trazem fotos horripilantes dos efeitos deletérios do produto. Ora, o alcoolismo mata mais que o tabagismo. É o terceiro fator de morte no mundo, precedido pelo câncer e doenças cardíacas. Por que não se proíbe publicidade de bebidas?
Apenas na cidade de São Paulo, em 2010 ocorreram 1.357 mortes no trânsito e 7.007 atropelamentos. O número de motoristas embriagados, parados em blitzen da PM, subiu 38% de janeiro a setembro deste ano, comparado a todo o ano de 2010. Entre jovens de 13 a 19 anos envolvidos em acidentes de trânsito, 45% ingeriram bebida alcoólica.

Os dados são alarmantes: 68,7% dos brasileiros ingerem álcool. Nos hospitais psiquiátricos, 90% das internações são de dependentes de álcool. Os motoristas bêbados são responsáveis por 65% dos acidentes de trânsito. E o Ministério da Saúde gasta, por ano, via SUS, mais de R$ 1 bilhão em tratamentos e internações causados por álcool.

Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas e Psicotrópicos, vinculado à Faculdade Paulista de Medicina, entre estudantes do primeiro e segundo graus da rede estadual de São Paulo, 70,4% se iniciam na bebida entre 10 e 12 anos. Nos EUA o índice, para a mesma faixa etária, é de 50,2%.
Volta a pergunta que não quer calar, e o governo, o Conar e as agências de publicidade não querem responder: por que não se aplicam as leis de proibição do tabagismo ao álcool?

A resposta existe, o que não existe é a coragem de fechar a torneira do mar de dinheiro que as empresas de bebidas alcoólicas despejam na publicidade. E o mais grave: associa-se álcool a celebridades, como jogadores de futebol e cantores, que fascinam os mais jovens e atraem legião de fãs.
Uma grande emissora de TV anuncia uma série de programas antitabagistas. Quando veremos algo semelhante em relação ao consumo de álcool?

Nunca tive notícia de acidentes de trânsito causados pelo vício de fumar, agressão doméstica decorrente da aspiração da fumaça de tabaco, internação psiquiátrica por dependência de cigarro. Todos nós, porém, conhecemos casos relacionados ao alcoolismo. E haja publicidade de cerveja no horário nobre! Para os jovens, a cerveja é a porta de entrada no consumo de bebidas etílicas.

O cigarro prejudica quem fuma e quem está próximo ao fumante. O álcool, misturado com volante, gera acidentes que envolvem passageiros do veículo causador do acidente, passageiros dos veículos atingidos por ele e pedestres, além de danos à via pública.

Álcool em excesso transtorna os reflexos. Associado ao volante, é perigo na certa. Mas não se preocupe. Você está no Brasil. Confia que jamais terá o azar de ser parado por uma blitz da lei seca. Se acontecer, oferecerá uma grana aos fiscais, na esperança de que sejam corruptos. Caso não sejam, se recusará a pôr a boca no bafômetro. Se for detido, convocará a família e o advogado, pagará fiança e logo estará na rua. Com a carteira de habilitação no bolso. Pronto para se dependurar no volante e repetir a façanha.

Viva o Brasil e a impunidade! E azar das vítimas por viverem num país como o nosso!
[Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de "Conversa sobre a fé e a ciência” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org - twitter:@freibetto.
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domingo, 6 de novembro de 2011

Morre em Macapá, Luiz Landouzzi Lages de Mendonça

Luiz Landouzzi Lages e Mendonça o “tio Lulú” como nós chamávamos, faleceu hoje dia 06/11/2011 na cidade de Macapá. Tio Luiz foi uma pessoa espirituosa que escolheu viver a vida de forma intensa, amante da literatura, gostava de rebuscar seu vocabulário com palavras pouco usuais, gostava de declamar trechos do Poema de Castro Alves “O Navio Negreiro”, sempre falando com muito romantismo. Constituiu família com Maria Oliveira de Mendonça que a chamava de “Mariinha”, dessa união nasceram dois filhos, Janete e Luiz André. Janete, hoje é casada com Carlinho que lhe deram duas queridas netas, Thais e Luana.

Para a família Lages de Mendonça e Oliveira, fica a dor da perda irreparável, mas a alegria de saber que hoje ele descansa ao lado do Senhor.

Sigamos o conselho de "Santo Agostinho": “Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo. Sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho".

۞ 10/12/1940 † 06/11/2011