Marcadores

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Sobre desaparecidos em ação

Só hoje tive conhecimento da excelente matéria “DESAPARECIDOS EM AÇÃO!” postado no blog "Rastilho de Pólvora" do cunhado Walter Tertuliano, aqui parafraseando o meu pai Fran Mendonça. É só uma brincadeira!

Sem jogar confete, mas o estilo da escrita do Walter é da melhor qualidade. Parabéns pela matéria!
Gostaria de pegar a carona do Rastilho de Pólvora antes de publicar na íntegra a matéria “DESAPARECIDOS EM AÇÃO!”, e complementar com alguns acidentes aéreos por mim presenciados:

1. Na década de 70 em plena ditadura militar, presenciei a queda de um avião douglas que decolou de Miritibuba com os pesquisadores do projeto RADAMBRASIL, com o objetivo de fazerem levantamento dos recursos naturais da região. Ao decolar o douglas ao atingir altitude necessária, começou a perder altura, vindo a cair e explodir em seguida não deixando nenhum sobrevivente;

2. Testemunhei uma amerissagem espetacular de um avião bonanza no Rio Tapajós, sob o comando do Mair (famoso Maik), piloto experiente catalogando dezenas de quedas, sempre saindo ileso e pronto para outra. Após o motor de o avião brecar completamente, ficou flutuando por alguns minutos. Em seguida o Mair ficou de pé em uma das asas do bonanza, esperando uma canoa que lhe prestaria socorro. Em seguida bonanza adernou totalmente. Esse acidente não deixou vítimas;

3. Outro acidente aéreo presenciado por mim foi a queda no Rio Tapajós de um cessna comandado pelo piloto Luiz Mendonça, caindo em frente ao campo do seu Ângelo, mais conhecido por "Fiim". Também sem vítimas fatais;

4. Ao tentar decolar do aeroporto velho localizado atrás da Prefeitura Municipal de Itaituba, um avião cessna do Sr. Michiles, muito parecido com o paulistinha, teve o suporte do trem de pouso quebrado, ficando rodando totalmente desgovernado. Também sem vítimas fatais;

5. O acidente de aviação mais me impressionou e que sensibilizou a cidade ocorreu com um avião catalina do Comandante Muniz, que ficou desgovernado passando por algumas árvores, vindo a parar quando um dos trens de pouso esbarrou em um tronco de cajueiro, parando com o bico do avião dentro da casa do Sr. Jaime (sem causar danos ao patrimônio) e a alguns passos de uma garota loura que brincava ali. Essa garota loura citada é a nossa amiga Sueli filha do Sr. Jaime e D. Elza, muito conhecida por nós. Os populares disseram naquele momento que o avião brecou pela mão de Deus, dando chance à vida, àquela criança que ali brincava.

Aqui transcrevo “DESAPARECIDOS EM AÇÃO!” postada pelo Walter Tertulino no seu blog Rastilho de Pólvora ( http://tertulino.blogspot.com/ )- 06-02-2010:

Itaituba - Um verdadeiro eldorado transformou-se Itaituba com a corrida do ouro no vale do Tapajós com seu ápice de produção ocorrendo na década de 80, onde o aeroporto de Itaituba, em virtude da muito produtiva região aurífera do Tapajós registrar uma média diária de 400 pousos e decolagens, representando um movimento anual de 80.000 pousos e decolagens/ano. Nessa época, o mesmo foi considerado o 3º aeródromo mais movimentado do mundo.Algumas curiosidades que se registra dentre tantas ocorreu em 1983 em que, devido ao intenso movimento e a ausência de uma Torre de controle de trafego aéreo um monomotor pousou em cima de outro.

Em 1.994 já no declínio da produção um Cessna 402 da Empresa de Taxi Aéreo Kovacs após ter decolado, perdeu o controle, colidindo em consequência com a superfície de uma lagoa, distante cerca de uma milha da cabeceira da pista. A aeronave sofreu perda total e o co-piloto e dois passageiros faleceram no local, por afogamento, após abandonarem a aeronave.

Incontáveis acidentes ceifaram a vida de muitas pessoas entre esses os pilotos, que cruzavam a Amazônia e principalmente a região do Vale do Tapajós transportando, garimpeiros, víveres, bebidas, vendedores de medicamentos que eram tidos como doutores, macumbeiros que alguns iam buscar em Codó/Ma para mostrar através de charlatanismo onde o jazimento era mais favorável para a cata do ouro, prostitutas para as horas de lazer, cozinheiras, para a confecção da comida e que muitas vezes achavam seu dono e protetor nos braços e afagos de um balseiro bamburrado. Nesse cenário entravam nos garimpos aventureiros, que topavam qualquer parada, como vendedores de balas calibre 38, 765 e cartucho 20 e 12 para escopetas, matadores de aluguel que matavam por um punhado de ouro, ou até uma pepita que passasse de 80 gramas.Quando os opostos se atraiam como a formosura de uma mulher, o entorpecimento do uisque barato vendido caro, umas tragadas no tarugo de marijuana, e ainda um garimpeiro com um trezoitão à cintura, evacorado, escorneado, humilhado, sacaneado pela kenga, quase sempre a noitada produzia duelos, emboscadas, e muitas mortes na currutela. um, dois, três, quatro ou mais dançavam a dança macabra da velha do cutelo. Esses seres que exageravam em não dar valor à vida em busca do bamburro, extravasavam nas orgias e alegria nos cabarés ou puteiros, logo, passariam a repousar eternamente em uma cova rasa nos garimpos do Tapajós. alguns ficavam insepultos, jogados no ermo, outros que eram sepultados em rede, eram os que tinham amigos parentes, ou socios influentes nas redondezas.Os comandantes Clódison, Pedro Mucura, Pedrinho, Darcy, Dentinho, Pombo, Guara, Levindo, Augusto Cercassim, Joseval, e Eduardo Augusto, esse bem mais recente, dentre muitos outros aeronautas perderam suas vidas ousando em voos com mal tempo, panes mecânicas, manutenção precária, voos cegos haja vista a inexistencia no Brasil do GPS, ainda navegação complcada pelo excesso do tráfego aéreo, excesso de peso nos aviões o que caracterizava imprudencia, para se ganhar mais dinheiro. Várias famílias perderam parentes e amigos nessa árdua e dificil, quase mpossivel missão. Somente filhos a Dona Carmina Borges do Vale, que por seu caráter de mulher decidida um pouco brava, "Carinhosamente" chamada de Carmansa, perdeu o dois filhos, Clódison na década de 70 e William “Mamá” no pool da produção do ouro. Mamá que tinha um relacionamento fraternal forte comigo, morreu de forma trágica no garimpo do Porto Rico no baixão Francisco Gomes/Nova Brasilia, ocasião em que acompanhava no avião, seu socio tambem piloto “Cabeça” Aldecy Queiroz. O sinistro aconteceu momentos depois da decolagem para Santarém no momento em que levavam consigo de carona um garimpeiro acometido de malária. Para não deixarem o homem que agonizava em febre na beira da pista morrer à míngua, resolveram revelando sólida formação humanitária levá-lo ao menos para morrer com dignidade em um hospital de Santarém; quando decolaram o bimotor, subitamente o enfermo, acometido de alucinações muito provavelmente pela forte febre e debilidade mental provocada pela doença atacou os dois aeronautas que não conseguiriam impedir as agressões do homem enlouquecido ja que estavam em operação de subida/decolagem, e perdendo o controle, a aeronave precipitou-se ao solo., causando morte instantanea nos pilotos. As pessoas que transitavam pela pista assistindo a decolagem do avião, antes desse desaparecer no horizonte, presenciaram uma cena trágica, subitamente a aeronave perdendo altitude choca-se ao solo em meio a forte estrondo, nesse instante muitos pessoas em Jeeps do Garimpeiro Chico Aracati foram para onde deu-se o sinistro, e presumiram o que teria acontecido, pois os dois pilotos segundo se comenta não seguiram a recomendação de uma "Enfermeira de garimpo" que orientou levarem o doente amarrado ja que estaria delirando. O desespero das pessoas que presenciaram o desastre ao verem os corpos inertes dos pilotos destroçados; acometidos de revolta incontida, conforme registra depoimentos dos que assistiram a cena chocante, vendo o débil mental, ileso, sair dos escombros, julgando que fora o causador da tragédia executaram-no à bala.

Alguns dias antes da tragédia que causou comoção no garimpo, Jacareacanga e Itaituba, me encontrei em Porto Rico, com meu amigo Mamá, quando tive que ir àquele garimpo comprar ouro para complementar uma quota que deveria ser levada para São Paulo para a Purimil e Zé Arara com urgência, e batendo um papo com aquela incrível figura humana que estava baseado no garimpo, pude ouvir de seu apurado humor na ocasião em que ao passavamos por um pequeno cemitério à beira da pista, ele olhando por toda a pequena extensão do Campo Santo que era cercado por arames farpado, gracejando como era sempre seu caráter de homem alegre e de bem com a vida disse-me apontando para o cercado, - sabe como esse negocio se chama? E respondeu: Curral de prender velhacos. Quem entra aí ta frito. Pouco dias depois William Borges do Vale o Mamá, aumentou a estatística das pessoas que sucumbiram nos garimpos da região atrás da projeção e compensação, tendo sido mais um desaparecido em ação.Os dias que antecederam sua morte, Mamá encontrava-se eufórico pois tinha comprado seu primeiro carro e importado (Miúra) e que naqueles dias iria em Belém para ver sua máquina.William Borges do Vale, Mamá, era filho de Carmina e Antão, e irmão dos pilotos, Clodison (Falecido) Clinger (ET) Bidú, Prego, Kilme, Nôco. Thiago, (Foto menor) filho caçula de Nôco já enceta seus primeiros vôos para prosseguir com o legado dos Borges do Vale.

A maioria dos aeronautas que tiveram sorte em salvar suas vidas em desastres de avião na região ficaram com sérias sequelas, caso dos comandantes, Dimas Santiago, Wanderly Tertuilno e outros que vieram do sul em busca de riqueza na amazônia.


Um comentário:

  1. Considerando o equívoco sobre o acidente com a catalina, faço a correção com a ajuda do Aurimar: a catalina era do do comandate Muniz.

    ResponderExcluir