Da Redação
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 24/10/2012 às 11:47
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A noite desta terça-feira, (23), foi muito especial para 17 internas do Centro de Reeducação Feminino (CRF). Diante de uma plateia que lotou o Teatro Universitário Cláudio Barradas, elas atuaram como protagonistas do espetáculo teatral “Somos Todas Eneida de Moraes”, baseado no conto “Companheiras”, que retrata a experiência da escritora paraense no cárcere. A peça é resultado de uma parceria institucional entre a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) e a Universidade Federal do Pará (UFPA) por meio do projeto de Extensão Preamar Teatral, que tem por finalidade democratizar a linguagem teatral em locais de difícil acesso no Estado do Pará.
André Cunha, Superintendente da Susipe, falou dos benefícios da arte junto à população carcerária: “Muito mais do que uma apresentação teatral, a participação das internas em um projeto como esse representa uma ressignificação de conduta e uma reafirmação da capacidade de mostrar que mesmo em uma convivência a princípio de angústia e sofrimento, é possível transformar a sua realidade em algo melhor”.
Para a coordenadora do projeto Preamar Teatral, Inês Ribeiro, “o teatro trabalha no ser humano aspectos como a ética e o emocional. Através das artes, as internas podem perceber que podem ser reinseridas na sociedade escolhendo outros caminhos diferentes do crime”, reflete. As internas também reconhecem a importância do contato com a arte. Cristina Ferreira, que além de atuar na peça também participa de outras atividades artísticas no CRF, como aulas de violão e coral, declara: “A arte, assim como a fé e a educação, faz transportar os nossos pensamentos para algo que possa transformar a nossa vida e ampliar os nossos horizontes, por meio dessas oportunidades, eu pude descobrir que tenho dons”.
A dramaturgia do espetáculo foi construída através da junção da obra de Eneida de Moraes com os relatos das experiências pessoais da internas participantes da peça. Intercalando situações de drama, humor e música, o espetáculo apresentou temas recorrentes à vida das mulheres no cárcere, como a saudade de um amor, a busca por uma restauração de vida e lembranças de momentos felizes.
Todo esse processo de construção colaborativo foi intermediado pelo arte-educador da UFPA, Melck Sedeck Gaya Sá, que desde o mês de agosto desenvolveu diversas atividades junto às internas, como oficinas de iniciação teatral, expressão corporal, produção textual e rodas de leitura. Para Melck, que também dirigiu o espetáculo, a experiência vai além da arte: “Foi muito gratificante trabalhar com elas, pois não as vi como criminosas, mas sim como pessoas que tinham potencial para mudança. Nosso maior objetivo não é formar grandes atrizes, mas sim provocar a restauração de projetos de vida através do teatro”, conclui.
Ao final do espetáculo, as internas foram aplaudidas de pé pelo público e receberam os abraços dos familiares presentes na plateia. A interna Brena Martins cantou a música de encerramento da peça e se emocionou durante o momento do encontro com os familiares. Para ela o espetáculo foi uma oportunidade de mostrar um pouco da vida no cárcere: “Com a peça nós pudemos mostrar que as pessoas que estão presas também são seres humanos, que possuem alegrias e dores”.
Texto:
Nara Pessoa - Susipe
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Email: acssusipe@gmail.com / acs@webmail.susipe.pa.gov.br
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Site: www.susipe.pa.gov.br Email: gabinete@webmail.susipe.pa.gov.br
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