Felizmente hoje as armas estão sendo as palavras e os símbolos. Esperemos, todos, que aí permaneça a disputa. Mais vale um plebiscito do que uma guerra.
Parece que a história ensina que estraçalhar ditadores em praça pública não é o melhor caminho para a tolerância necessária na convivência social. Se assim fosse, por exemplo, o Pará seria hoje um mar de rosas, desde que, em 7 de janeiro de 1835, o governador Lobo de Souza foi retirado, pela população enfurecida, de dentro do Palácio, em Belém, morto a pauladas, arrastado pela rua até próximo ao mercado do Ver-o-Peso, tendo seu corpo vilipendiado por centenas de urinadas sobre o cadáver.
Parece que a história ensina que estraçalhar ditadores em praça pública não é o melhor caminho para a tolerância necessária na convivência social. Se assim fosse, por exemplo, o Pará seria hoje um mar de rosas, desde que, em 7 de janeiro de 1835, o governador Lobo de Souza foi retirado, pela população enfurecida, de dentro do Palácio, em Belém, morto a pauladas, arrastado pela rua até próximo ao mercado do Ver-o-Peso, tendo seu corpo vilipendiado por centenas de urinadas sobre o cadáver.
Imagem de hoje: a multidão executa e vilipendia o corpo de Kadafi |
Alguém poderá dizer que há exceções, como no caso de Mussolini. Morto pelos inimigos do nazi-fascismo, teve seu corpo exposto em público, em Milão. Ocorre que, antes e durante o reinado do ditador, a Itália já tinha uma população relativamente educada, embora a miséria ainda empurrasse milhões deles para o Brasil e tantos outros países. E, como sabemos, é a educação de um povo, e não o despedaçar de ditadores, que, em algum momento, energiza uma nação a superar as suas lambanças e desigualdades inaceitáveis.
Olhando, assim, de modo tão rápido para a História, faço estas reflexões porque tenho assistido, especialmente por meio do (péssimo) anonimato proporcionado pela internet, a um crescente burburinho tendente ao ódio entre alguns grupos que desejam ver Tapajós e Carajás como novos Estados e aqueles que desejam que isso não aconteça.
A antiga experiência da Cabanagem também partiu do interior e repercutiu intensamente em Belém, centro do poder. Hoje, o movimento por emancipação político-administrativa também vem do interior, da mesma forma repercutindo de modo intenso na capital. Se as lições daquela guerra de 1835-1840 tivessem sido assimiladas pelos donos do poder, ao menos em parte, talvez hoje a dissensão não estivesse em alta nesta parte da Amazônia.
Felizmente hoje as armas estão sendo as palavras e os símbolos. Esperemos, todos, que aí permaneça a disputa. Mais vale um plebiscito do que uma guerra. Em vez de estraçalhar ditadores, o povo do Pará (ganhe o Sim ou o Não) precisa mesmo é esmagar heranças tão funestas que impedem milhões de desfrutar de um pouco daquilo que poucos desfrutam de muito. Acabar com a ignorância, com a miséria, com a vida nos pântanos da capital e nas favelas do interior. E, por fim, aparecer o Pará de modo diferente do que aparece nos noticiários nacionais, como um dos mais pobres e violentos do Brasil. Que vergonha! Podemos e devemos mudar isso, com os antigos ou com os novos limites internos.
Tristemente, o anonimato digital parece crer no contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário