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sábado, 16 de abril de 2011

Estratégias de sobrevivência dos povos das águas


Resumo: As estratégias de sobrevivência dos Povos das Águas nos minifúndios de várzea do estuário do Rio Amazonas é o mote do presente estudo. A ênfase recai sobre o ambiente insular, possuindo como referência a Ilha Quianduba, situada no Município de Abaetetuba, no Estado do Pará. O espaço geográfico selecionado foi objeto da ação estatal, quando o Governo Federal, no ano de 2006, interveio na região, por intermédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e da Gerência Regional do Patrimônio, e viabilizou a transformação de um imóvel rural com área de 2.810,9039 hectares, sob jurisdição da União, num Projeto de Assentamento Agro-Extrativista, considerado uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, na modalidade Reserva Extrativista, por equiparação. As informações sobre as famílias, em número de 600, foram coletadas por intermédio de entrevistas de campo que, depois de tabuladas e confrontadas com a realidade, permitiram fazer inferências sobre as comunidades que integram o projeto, gênero, grau de parentesco, moradia, tempo de ocupação da área, hierarquia da ocupação, tamanho das posses, faixa etária dos componentes das famílias, renda familiar, educação, saúde, saneamento, associativismo, lazer, cultura, extrativismo do açaí, pesca do camarão, olarias, caça, pesca e utilização de crédito rural. As conclusões obtidas estão relacionadas com o reconhecimento de direitos dos moradores que passaram a integrar a base de dados do INCRA, sendo sujeitos de direitos e obrigações, quebrando o paradigma do sistema de inquilinato constituído até então. Foi possível fazer uma distinção dos modelos de desenvolvimento vigentes no Brasil, com a dicotomia “commodities” versus sustentabilidade. O emprego de políticas compensatórias pontuais sem considerar uma visão de médio prazo é incapaz de produzir melhoria nas condições de vida dos ribeirinhos, pois a ausência de assistência técnica, crédito rural, infra-estrutura e documentação da terra é constatação cabal dessa assertiva. Caso os recursos naturais da Ilha continuem a ser explorados na atual escala, sem que haja atendimento às disposições reguladoras de seu uso, poderão levar a uma situação definida por Hardin (1968) como a tragédia dos comuns. A observação da relação de simbiose do Homem com a natureza é a visão mais otimista desta proposta.



Autor: Aurimar Francisco Viana da Silva

 


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tenho medo...

Nos chamados tempos modernos somos acometidos por medos variados. Este texto é uma espécie de salvo conduto para minimizarmos as nossas angústias em relação aos nossos empregos, as perdas de entes queridos e a própria inquietação da aventura humana de viver.


Um casal de amigos enviou-me um fax com um pedido: que lhes mandasse os nomes dos livros que tenho sobre o medo. Explicaram a razão do pedido: tinham medo... E pensavam que pela leitura daquilo que sobre o medo se escreveu como ciência e filosofia, o seu próprio medo ficaria mais leve.

Procurei fazer o que me pediam. Pus a funcionar os arquivos da minha memória, procurando identificar os livros sobre o medo que estariam na minha biblioteca. Inutilmente. Nenhum título me veio à mente. Dei-me conta de que não possuo nenhum livro sobre o medo. Sem livros a que recorrer, pus-me a pensar meus próprios pensamentos sobre o medo. E o primeiro pensamento que me veio foi o seguinte: Eu tenho medo. Eu sempre tive medo. Viver é lutar diariamente com o medo. Talvez esse seja o sentido a lenda de São Jorge, lutando com o dragão. O dragão não morre nunca. E a batalha se repete, a cada dia.

Como não pudesse ajudar meus amigos com bibliografia filosófica e científica, resolvi compartilhar com eles minha condição. O medo tem muitas faces. Lembro-me de que, bem pequeno ainda, acordei chorando, imaginando que um dia eu estaria sozinho no mundo. Foi uma dura experiência de abandono. Tive medo de não ser capaz de ganhar a minha vida quando meu pai e minha mãe partissem. Na verdade eu tinha era medo da orfandade, do abandono. Minha filha Raquel tinha não mais que três anos. Era cedo, bem cedo. Ela me acordou e me perguntou: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?“ Essa foi a forma delicada que ela teve de me dizer que tinha medo da saudade que ela iria sentir, quando eu partisse. O rosto do medo mudou. Mas o sentimento continua o mesmo. Tenho medo da solidão. Há uma solidão boa. É a solidão necessária para ouvir música, ler, pensar, escrever. Mas há a solidão do abandono. Buber relata que, numa língua africana, a palavra para dizer “solidão“ é composta de uma série de palavras aglutinadas que, se traduzidas uma a uma, dariam a frase: Lá, onde alguém grita: Oh! mãe! Estou perdido! O trágico dessa palavra é que o grito nunca será ouvido, nunca terá resposta. Tenho medo da degeneração estética da velhice. Tenho medo que um derrame me paralise, deixando-me sem meios de efetivar a decisão que seria sábia e amorosa: partir. Tenho medo da morte. Antigamente esse medo me atormentava diariamente. Depois ele se tornou gentil. Ficou suave. Passei a compreender que a morte pode ser uma amiga. Veio-me à mente uma frase que se encontra na oração Pelos que vão morrer, de Walter Rauschenbusch: “Ó Deus, nós te louvamos porque para nós a morte não é mais uma inimiga, e sim um grande anjo teu, nosso amigo, o único a poder abrir, para alguns de nós, a prisão da dor e do sofrimento e nos levar para os espaços imensos de uma nova vida. Mas nós somos como crianças, com medo do escuro...“ (Orações por um mundo melhor, Paulus ). O Vinícius disse a mesma coisa de um outro jeito: “Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio pelo momento a vir, quando, emocionada, ela virá me abrir a porta como uma velha amante, sem saber que é a minha mais nova namorada.“ Boas são as palavras das orações e dos poemas: elas têm o poder de transfigurar a face do medo. Meu medo da morte ficou suave porque o seu terror foi amenizado pela tristeza. Ah! Mário Quintana! Como eu gosto de você, velho que nunca deixou de ser menino! Você sabia tirar o terror do medo rindo diante dele. Você lidava com seus medos como se fossem brinquedos. Delicioso, esse brinquedinho: “Um dia...pronto!...me acabo./ Pois seja o que tem de ser./ Morrer: que me importa? O diabo é deixar de viver!“ Isso mesmo. O terrível não é morrer; é deixar de viver. O terrível não é o que está à frente; é o que deixamos para trás. É um desaforo ter de deixar essa vida! Zorba, quando percebeu que seu momento chegara, foi até a janela, olhou para as montanhas no horizonte, pôs-se a relinchar como um cavalo e gritou: “Um homem como eu teria de viver mil anos!“ E eu pergunto: “Por que tanta modéstia? Por que só mil?“

Mas tenho medo do morrer. Medo da morte e medo do morrer são coisas distintas. O morrer pode ser doloroso, longo, humilhante. Especialmente quando os médicos não permitem que o corpo que deseja morrer, morra.

Tenho medo também da loucura. Não há sinal algum de que eu vá ficar louco. Mas nunca se sabe! Muitas mentes luminosas ficaram insanas. E tenho medo de que algo ruim venha a acontecer com meus filhos e netas. Sábias foram as palavras daquele homem que, no livro onde deveriam ser escritos os bons desejos à recém-nascida neta do rei, escreveu: “Morre o avô, morre o pai, morre o filho...“ Enfurecido, o rei lhe pede explicações. “Majestade: haverá tristeza maior para um avô que ver o seu filho morrer? E para o seu filho: haveria tristeza maior que ver sua filhinha morrer? É preciso que a morte aconteça na ordem certa...“ Tenho medo de que a morte não aconteça na ordem certa.

Somos iguais aos animais, em que as mesmas coisas terríveis podem acontecer a eles e a nós. Mas somos diferentes deles porque eles só sofrem como se deve sofrer, isto é, quando o terrível acontece. E nós, tolos, sofremos sem que ele tenha acontecido. Sofremos imaginando o terrível. O medo é a presença do terrível-não-acontecido, se apossando das nossas vidas. Ele pode acontecer? Pode. Mas ainda não aconteceu e nem se sabe se acontecerá.

Curioso: nós, humanos, somos os únicos animais a ter prazer no medo. A colina suave não seduz o alpinista. Ele quer o perigo dos abismos, o calafrio das neves, a sensação de solidão. A terra firme, tão segura, tão sem medo, tão monótona! Mas é o mar sem fim que nos chama: “A solidez da terra, monótona, parece-nos fraca ilusão. Queremos a ilusão do grande mar, multiplicada em suas malhas de perigo...“ (Cecília Meireles).

A pomba, que por medo do gavião, se recusasse a sair do ninho, já se teria perdido no próprio ato de fugir do gavião. Porque o medo lhe teria roubado aquilo que de mais precioso existe num pássaro: o vôo. Quem, por medo do terrível, prefere o caminho prudente de fugir do risco, já nesse ato estará morto. Porque o medo lhe terá roubado aquilo que de mais precioso existe na vida humana: a capacidade de se arriscar para viver o que se ama.

O medo não é uma perturbação psicológica. Ele é parte da nossa própria alma. O que é decisivo é se o medo nos faz rastejar ou se ele nos faz voar. Quem, por causa do medo, se encolhe e rasteja, vive a morte na própria vida. Quem, a despeito do medo, toma o risco e voa, triunfa sobre a morte. Morrerá, quando a morte vier. Mas só quando ela vier. Esse é o sentido das palavras de Jesus: “Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á. Mas quem perder a sua vida, a encontrará.“ Viver a vida, aceitando o risco da morte: isso tem o nome de coragem. Coragem não é ausência do medo. É viver, a despeito do medo.

Houve um tempo em que eu invocava os deuses para me proteger do medo. Eu repetia os poemas sagrados para exorcizar o medo: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum...“ “Mil cairão à tua direita, dez mil à tua esquerda, mas nenhum mal te sucederá...“ A vida me ensinou que esses consolos não são verdadeiros. Os deuses não nos protegem do medo. Eles nos convidam à coragem de viver a despeito dele.

Aperitivos

1. Talvez essa seja a razão por que amamos o circo: porque nele podemos sentir medo sem correr perigo: voamos com os trapezistas, equilibramo-nos no fio de aço, enfrentamos tigres e leões... Experimentamos, na fantasia, o medo diante do terrível, assentados num lugar seguro...

2. Bachelard: a delicadeza das suas meditações sobre a luz da vela acontece perante o medo de que um vento mais forte apague a chama: “Sim, a luz de um olhar, para onde ela vai quando a morte coloca seu dedo frio sobre os olhos de um morto?“ E no último parágrafo ele pergunta: “... será que ainda há tempo...?“

3. Drummond: “Eterno (mas até quando?) é esse barulho em nós de um mar profundo. Naufragamos sem praia; e na solidão dos botos afundamos...“ E o Vinícius, que confessava o “terrível medo de renascer dentro da treva.“ (Correio Popular, Caderno C, 22/07/2001.)


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Homenagem da família Mendonça ao tio Celini Emanuel Lages de Mendonça

Os anos passam, fazemos história involuntariamente, traçamos um projeto de vida, nos lançamos em busca das realizações pessoais, enfim, vivemos. O tempo passa, fazemos retrospectivas das vivências esperimentadas, marcamos os momentos de felicidades e procuramos não relembrar dos momentos que de qualquer forma serviram para mostrar se acertamos ou se erramos.

No dia 02 de abril de 1936, nasceu em Itaituba Celini Emanuel Lages de Mendonça, filho de Manoel Lauro Figueira de Mendonça e Maria Madalena Lages de Mendonça, irmão de Fran Mendonça, Laurinho, Eládio, Luiz Landozi(Lulu), Consolo, Nonato, Consuelo e João Mendonça. Contituiu família com Noemi Couto de Mendonça, pais de quatro filhos: Ana Cláudia, Denise, Flora e David.
Hoje, é o reconhecido pai coruja da Flavinha.

Celini, hoje aposentando, teve uma carreira profissional no Banco do Brasil, onde desempenhou suas funções com brilhantismo. Trabalhou na Agência Centro em Belém, instalou a Agência do BB em Itaituba onde foi o "gerente pioneiro" juntamente com seu sub-gerente Felipe Kaluf, após transferiu-se para o BB na grande Fortaleza. A paixão pela natureza e pelo majestoso Rio Tapajós, o fez retornar à sua terra de origem, fixando residência no seu sítio “Shalon” no Pauninzinho, onde desenvolveu suas potencialidades do homem que está sempre em sintonia com a natureza.

Seu hobby predileto eram a caça e a pesca, as quais sempre as fez com responsabilidade, respeitando os princípios de preservação das espécies. Hoje Celini curte a sua aposentadoria entre as cidades de Itaituba (Paraná-Miry) e Santarém.

Tio Celini, em reconhecimento ao ser humano que você representa à nossa familia, aí vão algumas palavras de carinho da sua cunhada e sobrinhos:

Celini, cunhado, foi muito boa nossa convivência. Hoje estamos longe, mas perto em pensamento.
Um Feliz Aniversário!
Antônia Mendonça


Um Feliz Aniversário! Saudades quando o Senhor estava hospedado em casa, que sentávamos para bater aquele papo, regado a hamburguer e sem se importar com a dieta.
Um abraço do Fran, Fátima, Alan, Alana e Gabriel.

Apesar da distância o senhor mora no meu coração.
Parabéns pelo seu aniversário. Amo-te!
Ana Clara

Tio, amo você, lembro muito quando morávamos na Vila Maria da Glória, lembra!
Feliz Aniversário. Beijos!
Madalena, Rafael e Rodolfo

Tio, saudades dos nossos passeios no Barco Comandante Lages e dos cafés da manhã.
Feliz Aniversário!
Flávia e Luiz Antônio

Tio Celini, parabéns, amo muito o senhor. Lembro-me dos aracús assados. Kkkkk
Beijos!
Paulo Sérgio Mendonça

“Impossível deixar de lhe fazer uma homenagem no seu aniversário”! Impossível deixar de lembrar das nossas brincadeiras no "Comandante Lages"!
Impossível esquecer aqueles peixes e cambeuas que comemos às margens do nosso lindo e querido Rio Tapajós e depois de comer, cada um na sua rede a contar lorotas, rir e curtir a noite, tudo muito vivo na minha memória, o senhor, tio Lauro, Lene, Benildo e eu, muito legal! Sinto muita saudade.
Feliz aniversário! Saúde e paz! Te amamos muito.
Dica



IRON MAIDEN - Aeroporto de Belém