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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Uma jovem chamada Porto Velho

PAULO RENATO BANDEIRA
paulobandeira28@yahoo.com.br

Estava eu relendo parte da obra do aplaudido Mário Quintana, quando passei a lembrar da “Gruta Azul”, tradicional casa noturna de Porto Alegre, onde com quatro “oncinhas”, tudo fica resolvido. Gaúchas originalmente louras, eu disse originalmente, circulam a todo instante pelo ambiente, também enriquecido por pouquíssimas, todavia, muito disputadas mulatas, tornando o clima mais que um porto alegríssimo. No início dos anos 70 e persiste até hoje, fui conhecer aquele local, através de indicação do saudoso boêmio e compositor Lupicínio Rodrigues, quem eu acabara de entrevistar no extinto “Galo de Ouro”, na Avenida São João em Sampa.
De repente, atendo o celular, estou no centro da cidade, o camelô com seu alto-falante, polui meus ouvidos, o interlocutor fala de um certo convite para determinado encontro em um porto. Cai a ligação. Irrito-me, entendo, se eu ligar, pago e por que não sou ressarcido pela operadora quando há interrupção?
Lembro de haver compreendido sem complemento a palavra “porto”. Estive em Porto de Moz, há poucos dias, acabo de pensar em Porto Alegre. Recebo um e-mail da Fundação Banco do Brasil, convidando-me para participar do “II Encontro de Jornalistas do Norte, e olha só, em Porto Velho, capital de Rondônia. Do Pará, no período de 29 a 31 do passado mês de maio, nove colegas e eu, lá estivemos, junto a dezenas de confrades de toda Amazônia Legal.
 
O evento, pilotado pelo presidente da Fundação BB, Jorge Streit, discutiu os temas “A Amazônia e os Recursos Hídricos”, “Políticas Públicas e Tecnologias Sociais para Amazônia”, além de “Jornalismo e Sustentabilidade”. No salão de convenções do hotel onde ficamos hospedados, serviu como local das palestras e debates. O tempo era exíguo e a importância de cada tema voltado ao Desenvolvimento Sustentável da Região, onde com surpresa soube ser menos de 8% a aplicação do montante de recursos da Fundação BB, para toda Amazônia Legal.
 
Aproveitei uma pausa e fui ligeiramente conhecer parte daquela jovem Porto Velho de apenas 94 anos, apesar de pouca idade, registra muitas histórias, entre elas, o “Complexo Estrada de Ferro Madeira-Mamoré” construída entre 1907 e 1912, entre Porto Velho e Guajará Mirim, tendo como objetivo escoar a borracha brasileira e boliviana para exportação. Ficou conhecida à época, como a “Ferrovia do Diabo”, devido às milhares de mortes de trabalhadores durante a sua construção, fato retratado na minissérie da Rede Globo, “Mad Maria”, baseado na obra homônima do Márcio Souza que tratou da epopeia em um romance. Daquele local, vê-se, ao meio de não tão bem conservados vagões de trem, trilhos e galpões, a Hidrelétrica Santo Antonio em construção, (a de Jirau, dista 150 Km), cercada pelo dourado Rio Madeira, maior afluente do rio Amazonas, o “Madeira”, com a magia da cordilheira dos Andes, a natureza em troncos que lhe deram o nome, a força das corredeiras, riquíssima fauna e flora em seu entorno.
   
Era hora de voltar e assistir a excelente palestra da antropóloga curitibana Mary Allegretti, Doutora em Desenvolvimento Sustentável, professora visitante nas universidades de Yale, Chicago, Flórida, e Wisconsin, além de Conferencista nas não menos respeitadas Harvard, Cornell, Crambidge, Texas e no Council on Foreign Relations. A mulher sabe tudo de Amazônia.
 
Porto Alegre, Porto de Moz, Porto Velho. A próxima pode ser Porto Seguro na Bahia, melhor não, é arriscado. Vai recomeçar o descobrimento...


Um comentário:

  1. Olá, Armando!
    Grande texto o do PRB, Paulo Renato Bandeira. Como sempre, consegue desfilar garboso pela literatura, mesclando belas concordâncias nominal e verbal com metáforas interessantíssimas. Com sua habitual criatividade, patrimônio cultural, tem o passaporte permanente para participar de qualquer evento jornalístico em todo o território nacional. Age com as palavras tal qual o Neymar com os dribles.
    Um forte abraço!
    Luiz Henrique Macêdo

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