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domingo, 16 de dezembro de 2018

A História do bar e sorveteria “O Globo no Ar” – Itaituba- Pará


Em 23 de outubro de 1924, meu pai Francisco Xavier Lages de Mendonça, casado com Antônia Araújo de Mendonça, faria noventa e quatro (94) anos de idade. Para a família Mendonça ele deixou muitas saudades pela sua forma de ser: um homem conservador, bem humorado e brincalhão. Esse ano resolvi homenageá-lo contando a história de um dos ramos de negócio em que foi pioneiro, e com isso deixou sua marca na cidade de Itaituba. Trata-se da narrativa da história do bar e sorveteria “O Globo No Ar” como resgate desse momento que para nós foi emblemático.


Bem sabemos que ninguém é de ferro, morávamos primeiramente no Paraná Miry e depois nos mudamos para Itaituba. Meu pai, Fran Mendonça, sempre gostou de praia, até porque era um momento de diversão para seus filhos que ao correrem atrás dos maçaricos, garças, talha-mares e outros pássaros deixavam a marca seus passos minúsculos.

Meu pai tinha uma rotina anual que era sagrada, sempre dedicava três dias do ano para veranear quando o rio secava e dava lugar à belíssimas praias como a do Pauini, Pagagaio, Itapéua, Itapucu e praia da ilha das pederneiras, que àquela época possuía um pouso belíssimo. O interessante, que de um ano para o outro, os paus que foram fincados para armar as redes permaneciam em grande parte intactos para uso.


Em 1962, meu pai escolheu a praia da ilha das pederneiras para veranear com a família por três dias. À véspera da viagem, ao fechar o bar e sorveteria ainda sem nome, o rádio Transglobe Philco de 08 faixas que tínhamos ficara ligado. Naquele tempo a Rádio Globo era a mais ouvida, seguida da Rádio Riomar, Difusora do Amazonas e Rádio Rural de Santarém. No entanto, naquele ano nossa pequena viagem de veraneio seria mais curta, dado o incidente acontecido com o meu avô Sinduca já na ilha das Pederneiras. Meu avô, que àquela altura se encontrava enfermo, estava com sede, e por isso pegou uma garrafa de álcool, serviu o líquido em um copo e o ingeriu pensando que fosse água. No mesmo instante ele começou a passar mal, obrigando o retorno precoce para atendimento médico emergencial em Itaituba.


Ao chegar a Itaituba, as pessoas procuraram meu pai para informar que o rádio do bar ficou ligado e de hora em hora bradava a vinheta do jornal da globo: “O Globo no Ar”. Daí a origem do nome do bar e sorveteria. Nessa época Itaituba recebeu a visita da revista Manchete que fez uma reportagem sobre o fato ocorrido, publicando a foto do bar na capa da revista Manchete. Em 1968, meu pai recebeu uma carta de um dos diretores da Rede Globo elogiando e parabenizando pela escolha do nome. A carta era endereçada ao Senhor “o Globo no Ar”, pois não se sabia o nome do proprietário.


Uma curiosidade, antes de existir “O Globo no Ar”, existia o Bar do seu Eça Mesquita, que funcionava no clipe da Praça do Centenário, e fabricava somente picolé. O Globo no Ar começou a produzindo picolé e, posteriormente, o primeiro sorvete de Itaituba. As caldas eram feitas em nossa residência. Minhas irmãs faziam as caldas. E como todo trabalho pode ser aperfeiçoado, para que o sorvete não desonerasse após de pronto, usava-se como termômetro para uma calda “na medida” a seguinte fórmula: lavava-se bem o ovo de galinha, colocava-se na calda e ia adoçando até que o ovo viesse à tona, indicando que a calda já estava ao ponto de fazer o sorvete da melhor qualidade.

Após a administração da família Mendonça, ”O Globo no Ar”, passou a nova administração a um dos maiores colaboradores e amigo da família Mendonça, desde os idos tempos de Paraná Miry, Senhor Manoel das Neves (Seu Nezinho como era conhecido), até os nossos dias.


Colaboradores do bar e sorveteria “O Globo no Ar”: Fran Mendonça, Lauro Mendonça (Laurinho), Francisco Mendonça Filho, Luiz Landozi (Lulu), Manoel das Neves, Fran Mendonça, Armando Mendonça, Carlos Roberto, Heldo Castro, Oswaldo Araújo, Marco Lago, Almir Silva, Arionaldo Carneiro (Nena) e Neneca.

Responsáveis pela produção de calda: Antônia Mendonça, Lucia Mendonça. Raimunda Mendonça, Maria Madalena Mendonça,  Margarida Morais e outros...

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