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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Comentários sobre o “teatro delivery”


Reporto-me aqui ao tema abordado na Revista Bravo de janeiro de 2011 sobre o “teatro delivery”, onde os atores se apresentam nas salas das residências como se penetrassem nos movimentos diários das pessoas, que muitas vezes não compreendem o seu interior, as suas emoções, apelando ao gracejo, à pilhéria apimentada, abordando os temas corriqueiros como fuga ao caos vivido nos grandes centros. Os temas por eles abordados não me atraem uma vez que o homem precisa navegar no mundo do pensamento harmônico apelativo à rima poética dos produtores de imaginação fértil, trazendo à tona assuntos a que venham contribuir melhor convivência social.

No mês de dezembro de 2010 recebemos a visita da atriz Côco Maldonado, equatoriana mestra em artes cênicas pela Universidade Federal da Bahia que realiza atualmente o seu projeto de “teatro para viagem” (http://www.soledaddelmonte.blogspot.com/), em que interpreta uma senhora idosa e uma jovem em um diálogo de família. No primeiro momento, a plateia, também em uma sala, é estimulada a falar do fim, do começo, de si, do seu passado, dos seus sentimentos, de alegrias, tristezas e principalmente da sua infância. Em seguida todos são convidados a irem até a cozinha onde o teatro continua com o diálogo entre a senhora idosa e a jovem, enquanto Côco Maldonado passa o café e ao mesmo tempo faz o “doce de Vênus” (um doce de goiaba), sempre abordando assuntos de cunho social, isso com ajuda da platéia formada por nós residentes e por alguns convidados. Ao final, todos tomam o café e saboreiam o doce de Vênus como agradecimento aos participantes. Achei uma experiência incrível pela liberdade dada a plateia na participação da apresentação do teatro.

Em Belém temos a experiência do “Grupo Verbus” formado por sete integrantes, com características teatrais e musicais interativas, com uma proposta poética para bares. A diferença está na interatividade com a plateia. Os movimentos se dão de forma em que o ator ao declamar um poema desperta na platéia o aprofundamento de situações adversas que venha fazer com que a mesma se transporte e vivencie o ato encenado. A vida como ela é, só pode ser vivida com sabor, graças às suas diferenças: amor, perdão, traição, devoção, sentimentos sofridos, escárnio, violência, desejo, desolação, alegria, tristeza, estresse e por aí vão as diversas formas de viver a vida quebrando barreiras.

O “Grupo Verbus” canta em verso e prosa as diferentes visões do amor, através das poesias de Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Afonso Romano de Santana, Martha Medeiros e Hilda Hilst. Embaladas por canções de Cartola, Tom Jobim, Baden Powel, Chico Buarque e outros, em interpretações que ficaram marcadas nas vozes de Elis Regina, Maria Betânia e outros grandes nomes da música popular brasileira.

Talvez eu tenha atribuído um maior valor às propostas do teatro de cozinha, que considero delivery, por ele estabelecer uma relação de cunho social com a platéia, principalmente familiar, e a do Grupo Verbus, com a  vantagem de proporcionar à sua platéia a interpretação da poesia e da música interligadas de forma mais contagiante, sem perder de vista que pode se adaptar a outras condições de apresentação, sendo flexível a ponto de necessitar apenas do contato mais estreito com o público para que o espetáculo possa acontecer.

Um comentário:

  1. Ola' Armando,

    Meu nome e' Roberto Borenstein e sou diretor do Grupo Teatro Delivery, que vem ha' 3 anos apresentando-se em residencias, saloes de festas e espacoes alternativos. Temos 2 espetaculos em nosso repertorio: "Cartas de Amor" e "Convite para um Cafe'". Nossos espetaculos cabem em qualquer lugar. Bastaria haver um sofá e um público assistindo. O Grupo Teatro Delivery tem como proposta apresentar-se onde quer que as portas nos sejam abertas. Procuro não pensar em público alvo, já que os temas desenvolvidos em nossas peças tem sido universais e dialogam com os mais variados perfis de público. Podemos nos apresentar tanto para um público habituado a ir a teatro como para um público que nao tem este costume. Neste caso, acabamos por fazer um trabalho de formação de público. Gostamos de nos apresentar nos locais os mais variadas, das regiões mais nobres às menos favorecidas.

    Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.

    Abracos,

    Roberto Borenstein
    Grupo Teatro Delivery
    borenrob@terra.com.br
    fones: (011) 9863-8154

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